segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A pergunta é...


Ensino integrado e Ensino inclusivo - O que é integração? O que é inclusão?


- Pesquisando sobre as expressões ensino integrado e ensino inclusivo, e integração e inclusão, encontrei material no site Portal da Educação, e passo a transcrever, abaixo, as observações feitas por diversos autores para diferenciar ambas as terminologias.

Do ponto de vista educacional, embora tanto a integração como a inclusão trate da incorporação da criança com deficiência pelo ensino regular, existe uma diferença básica. Alguns autores, tais como Dens (1998), Mantoan (1997), Bueno (2001), Mrech (1999), assinalam tal diferença e enfatizam que os dois termos referem-se a situações de inserção diferentes.

Dens (apud Masini, 2000), coordenador do movimento integracionista da Europa, em 1998, assinala as seguintes características que diferenciam os termos integração e inclusão: integração refere-se a intervenções necessárias para que a criança com necessidades especiais possam acompanhar a escola, sendo o trabalho feito individualmente com a criança e não com a escola; inclusão é o oposto, é um movimento voltado para o atendimento das necessidades da criança, buscando um currículo correto para incluí-la.

Segundo Denis, inclusão não é, pois, uma invenção da escola, mas uma ideologia da sociedade, onde o princípio fundamental é a valorização da diversidade. Afirma o autor que essa transformação é lenta, e ainda não ocorreu nem mesmo na Bélgica, país pioneiro nesse movimento, pois requer mudança de ideologia.

Mantoan (1997) reitera a posição de Dens, pois acredita que, para a inclusão seja efetivada, sejam necessárias mudanças de paradigmas sociais de forma a propiciar um ensino de qualidade para todos. Essa autora é bastante enfática ao afirmar que a inclusão é impossível de se efetivar por meio de modelos tradicionais de organização do sistema escolar.

Para ela a integração é uma forma condicional de inserção que vai depender do nível de capacidade do aluno de adaptação ao sistema escolar, porém o esquema se mantém o mesmo.

A inclusão, ao contrário, tem como meta não deixar ninguém fora do sistema escolar. E o próprio sistema terá que sofrer transformações para se adaptar às particularidades de todos os alunos. A autora acredita que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino especializado no aluno.

Imagem do Material Didático  Pedagogia UCPel - EAD
Bueno (2001) também diferencia integração e inclusão dependendo de como a escola lida com a deficiência. Para esse autor, a integração tem como pressuposto que o problema reside nas características das crianças com necessidades educativas especiais, sendo que a inserção em escolas comuns só ocorre “sempre que suas condições pessoais permitem”.
Já a inclusão coloca a questão da incorporação dessas crianças pelo ensino regular sob outra ótica, reconhecendo a existência das mais variadas diferenças. Essa visão considera as diferenças humanas normais, sendo que a escola deve adaptar-se às necessidades das crianças.

Mrech (1999) afirma que a integração é uma prática seletiva, pois é o aluno deficiente que deve se adaptar aos parâmetros de normalidade e, quando isso não ocorre, esse aluno é colocado nas classes especiais. Privilegia-se, dessa forma, o conceito médico de deficiência. Para a autora, na educação inclusiva, não são os alunos deficientes que têm que se adaptar aos padrões normais, mas sim os alunos sem deficiência que devem aprender a conviver com os deficientes. O objetivo é que o aluno com deficiência alcance o máximo de sua potencialidade em um ambiente menos restritivo, com ajuda e suportes necessários. Na inclusão, privilegia-se o conceito de deficiência baseado no modelo social.

Outros autores, como Masini (1997) e Mazzotta (1998), também diferenciam os dois termos, mas veem a integração e a inclusão de uma forma mais abrangente e filosófica. Para Masini (1997), quando se fala em integração da pessoa portadora de deficiência, não se pode deixar de lado a constituição psíquica do sujeito, salientando que quaisquer projetos que sejam realizados nesse sentido precisam levar em consideração as condições de formação da personalidade. Segundo a autora, integração e inclusão não são sinônimas e devem ser posteriores à integração psíquica do indivíduo. A autora pergunta como concretizar a proposta de inclusão em nossa realidade, se não chegamos a propiciar a integração psíquica.

Mazzotta (1998) entende inclusão e integração como processos essenciais à vida humana ou á vida em sociedade. Para o autor, a inclusão escolar tem sido concebida como um processo peculiar, configurando-se como uma novidade. Adverte que a luta pela educação de qualidade para todos tem sido diluída na discussão de inclusão, como algo inusitado. Acredita que uma educação para todos se baseia no princípio da não segregação ou, em outros termos, na inclusão de todos. São suas palavras: “O ponto fundamental é a compreensão de que o sentido de integração pressupõe a ampliação da participação nas situações comuns para indivíduos e grupos que se encontravam segregados. Portanto, é para os alunos que estão em serviços de educação especial ou outras situações segregadas que prioritariamente se justifica a busca da integração. Para os demais portadores de deficiência, deve-se pleitear a educação baseada no principio da não segregação ou da inclusão”.

Considerando que a pluralidade, e não a igualdade é a principal característica do ser humano, e que a educação deve contemplar essa diversidade da condição humana, propiciando oportunidades iguais para seu desenvolvimento, fica evidente que não é apenas o educando, com deficiência ou não, que deve adaptar-se ao sistema de ensino e sim a escola é que tem o dever de atender as necessidades da criança para sua participação, ou seja, para a sua inclusão.

Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/inclusao-e-integracao/44632


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